Eficácia relativa de porta-enxertos comerciais de tomateiro no controle da murcha-bacteriana

Carlos Alberto Lopes, Leonardo Silva Boiteux, Vlandiney Eschemback

Resumo


A murcha-bacteriana (Ralstonia solanacearum) é uma das principais doenças das solanáceas em climas tropicais. Historicamente limitante à produção de tomate na Região Norte do Brasil, passou a ser uma séria ameaça ao tomateiro também nas Regiões Sul e Sudeste após a expansão do cultivo protegido. Embora fontes de resistência à doença tenham sido identificadas em germoplasma de tomateiro, cultivares comerciais resistentes ainda não estão disponíveis no mercado. O uso de porta-enxerto comerciais de tomate tem se popularizado pelo fato de reduzir o problema de incompatibilidade associada ao uso de espécies/gêneros diferentes. O objetivo deste trabalho foi avaliar, em casa de vegetação, os níveis de resistência à murcha-bacteriana dos principais porta-enxertos comerciais de tomateiro, levando em conta a variabilidade patogênica de um conjunto de isolados de R. solanacearum. Foi observada uma clara distinção na incidência da doença entre os genótipos, porém a reação foi do tipo isolado-dependente. Os porta-enxertos mais resistentes foram os híbridos ‘Muralha’ e ‘Guardião’, que não diferiram, para a maioria dos isolados, da linhagem ‘Hawaii 7996’ (padrão internacional de resistência) e apresentaram comportamento superior em relação aos híbridos ‘Magnet’ e ‘Protetor’. Entretanto, todos os porta-enxertos avaliados sucumbiram à alta virulência do isolado ‘CNPH 488’ (Raça 1 / Biovar 2, coletado no Estado do Paraná), que provocou a morte da totalidade das plantas. Quando avaliados em solo artificialmente infestado, com menor pressão de inóculo, ‘Guardião’ e ‘Muralha’ apresentaram, novamente, um desempenho significativamente superior aos de outros porta-enxertos. Nossos resultados reforçam que, em condições ambientais favoráveis e/ou na presença de isolados muito virulentos, dificilmente o sistema de enxertia de tomateiro em tomateiro per se protegerá adequadamente a planta enxertada da murcha-bacteriana. Tal cenário exige medidas complementares e antecipadas de controle que visem a reduzir a população de R. solanacearum no solo ou escolha de ambiente menos propício à sua multiplicação.


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DOI: https://doi.org/10.1590/hb.v33i01.426

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