Perdas pós-colheita de hortícolas no Brasil: o que sabemos até agora?
Resumo
O Brasil é uma potência agrícola e está entre os cinco maiores produtores e exportadores de produtos agrícolas do mundo. No entanto, o país ainda enfrenta perdas pós-colheita consideravelmente elevadas para frutas e hortaliças e enfrenta problemas com desperdício de alimentos. O objetivo deste artigo é fazer uma revisão sobre perdas pós-colheita de produtos hortícolas e desperdício de alimentos no Brasil e discutir a situação atual, quando o País enfrenta grave crise econômica. Uma busca no Google Acadêmico por documentos em português resultou em 34.800 registros para "desperdício de alimentos" e 14.100 para "perdas pós-colheita"; e apenas 37 e 19 registros, respectivamente, para busca com os dois termos no título dos documentos. As publicações sobre perdas pós-colheita podem ser categorizadas em três grandes grupos de acordo com seu escopo e objetivo principal: (1) perdas pós-colheita: estimativas, aferições, projetos de pesquisa, publicações; (2) tecnologias de pós-colheita: aplicação de tecnologias, estudos de doenças e/ou danos mecânicos; (3) economia: estudos de economia, logística e gestão. Parte significativa destas publicações pode ser considerada como “literatura cinza”, disponíveis apenas na forma impressa, como relatórios e resumos de congresso. O desperdício de alimentos vem sendo estudado sob distintas abordagens teóricas, como avaliação de partes desperdiçadas e seu uso na alimentação, fator de correção de produtos hortícolas, descarte de alimentos em restaurantes institucionais, produção de resíduos orgânicos e o desperdício em domicílios. Atualmente, algumas das ações internacionais para a redução de perdas e desperdícios também estão presentes no Brasil, como a campanha da "fruta feia", penalização de supermercados por desperdício, "Save Food", "Slow Food", entre outros. A partir de 2003, várias iniciativas de segurança alimentar e redução de perdas e desperdícios de alimentos foram implementadas no Brasil, como Mesa Brasil SESC, Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), bancos de alimentos e restaurantes populares com refeições subsidiadas. Em 2016, está tramitando no congresso brasileiro um novo marco regulatório para reduzir perdas e desperdício de alimentos, com vistas a facilitar principalmente a doação de alimentos. A adoção de um estilo de vida consumista por parte significativa da população brasileira nas últimas décadas tem aumentado o desperdício de alimentos no País.
DOI: https://doi.org/10.1590/hb.v35i01.1271
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